E aquele adeus não pude dar...

Esses dias recebi a notícia de que o amigo que eu havia feito esse ano em um cursinho para o ENEM, quando eu achava que não ia passar para Jornalismo, morreu. Pegou-me de surpresa. Não acreditei quando vi. Lembrei logo do dia em que fizemos amizade. Ele tinha me pedido uma informação, eu respondi e começamos a conversar. No dia seguinte, ele e eu começamos a sentar lado a lado e nos outros dias, através de um pacto mental, quem chegava primeiro guardava o lugar do segundo. Uma amiga, Jhesica, nessa época, estudava com a gente e eu apresentei os dois. Outra amiga minha, Karla, veio para o curso depois um tempo e também foi apresentada. Ele me apresentou uma amiga dele e juntos fizemos dois amigos: Walter e a Alice.

Apesar de ter ficado muito abalada com a morte do meu avô, depois dela percebi que a morte pode ser vista com bons olhos. As que vieram em seguida, a da minha avó, por exemplo, me fez ter confirmação de que a morte chega para quem precisa dela para descansar. Não consegui chorar no dia que descobri da morte do Matheus. As lágrimas vieram depois, no ônibus, enquanto eu repassava em minha mente a voz dele e o som de sua risada. Peguei-me indignada com a morte. Ele era novo, uma pessoa boa e de sorriso fácil; então por que se foi?

Convivemos pouco tempo, mas ele me marcou mais do que eu imaginava e eu percebi isso quando de momentos em momentos a imagem dele me vem a cabeça. Lembro que íamos comemorar depois que o ENEM passasse, ele queria medicina e estava empenhado. Eu torcia por ele.

Acho que me sinto culpada. Culpada por não ter falado mais com ele. Por não ter o abraçado mais vezes quando pude. Queria ter visto Matheus vivo pela última vez, acho que não teria forças de vê-lo morto em um caixão. Acho que isso é tão certo que nem ao velório e ao enterro fui, quando vim saber já tinham passado. Talvez seja melhor eu ter a imagem dele rindo, cheio de luz, na minha cabeça do que uma de olhos fechado e sem sorriso.

Não conseguirei dizer tudo o que quero, as lágrimas embaçam a minha vista. Está doendo e a morte me pegou desprevenida. O que fica é o ensinamento que Matheus me deixou: o de não tirar o sorriso do rosto e ser carinhoso com as pessoas. Ele se foi, mas deixou uma parte muito bonita dele comigo que me encarregarei de continuar repassando. Esse texto é para que eu não me esqueça.

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