Desafio dos 15 dias: inseguranças, ansiedade e autoconhecimento

(Foto: Marcelha Pereira)

Em dezembro do ano passado, um dos meus melhores amigos, o Marcelo, me entregou um envelope com 15 bilhetinhos que eu deveria abrir apenas no dia 1 de janeiro de 2019. O objetivo era acompanhar cada um dos meus primeiros dias até hoje, fazendo eu me conhecer mais e melhor, a cuidar de mim. E, durante essas duas semanas e um dia, foi incrível a quantidade de aprendizado que eu tive. Então vou compartilhar alguns aqui.

Aprendi a lidar melhor com a minha ansiedade. Esse processo todo começou faz um tempo, mas é inegável o quanto comecei a ser mais consciente da minha relação com ela. Iniciei o ano muito bem e feliz, porém momentos e pensamentos ruins sempre surgem de vez em quando (e sempre vão surgir) e fiquei muito feliz em como lidei com eles. Fiz com que eles fluíssem para fora da minha cabeça como venho treinando fazer desde o ano passado e não deixei que eles me maltratassem mais do que deveriam. Senti insegurança e em vez de me calar e guardar para mim, expus; foi uma das formas de entender o que estava acontecendo de verdade na situação. 

A ansiedade faz com que a gente pense coisas demais e, consequentemente, sinta além da conta, fazendo pequenos acontecimentos se transformarem em grandes demais para suportarmos. Foi aprendendo as inseguranças que vem com a ansiedade que descobri ser importante aprender que é saudável resolver o que podemos e deixar para lá o que não podemos.

Aprendi também que me importo muito com o que as pessoas vão pensar e falar de mim. Me desapeguei desse pensamento e dei um basta. Não posso viver tentando agradar todo mundo porque cada pessoa tem exigências para si e para os outros, se eu for tentar me encaixar em cada quadrado, me parto em mil pedaços e perco a coisa mais importante sobre mim: quem eu realmente sou. As pessoas sempre vão falar e pensar, vão me achar falsa ou forçada ou sem graça ou desinteressante ou feia de um jeito ou de outro; não importa. 

É injusto comigo tentar me encaixar nas expectativas alheias. Tenho tantas facetas que nem a pessoa que mais me conhece no mundo tem a capacidade de saber sobre todas elas. E não é porque sou especial, mas porque sou humana. Você também é assim. Somos assim. Somos multifacetados e mudamos todos os dias, a cada hora. Quando tentamos nos encaixar nos moldes dos outros, nos maltratamos e precisamos deixar de nos tratar como inferiores. Somos grandes e únicos. Eu não sou igual a você e você não é igual a mim, é impossível, por mais gostos parecidos que tenhamos. 

O que penso sobre mim é o que importa. Quem te encara no espelho todos os dias? Quem sente a dor que você está sentindo e as batalhas que trava diariamente? Quem conhece cada partícula do seu corpo? Você. Só você. Apenas você. Não é egoísta pensar em olhar para si com mais cuidado. Foi assim que aprendi que não é errado cuidar do meu corpo e da minha mente. Não existo sem essas duas coisas; não existimos. 

Todas essas questões vinham sendo trabalhadas dentro de mim, mas o desafio que o meu amigo Marcelo me propôs foi decisivo para que eu organizasse todas elas na minha mente e tirasse força disso. Ainda vai ser difícil em momentos que estão por vir e não há retrocesso algum nisso, não estamos imunes a nada, mas muita coisa não vai mais me afetar como antes e essa é a vitória. Durante 15 dias, compartilhei esses crescimentos e desabafos com Marcelo e com outros amigos (que não sabiam do desafio) e tenho certeza que foi a parte mais crucial de todas, o de colocar para fora. Começar o ano dessa forma foi excepcional porque agora me sinto mais segura e consciente de mim, das minhas inseguranças e ansiedade. O autoconhecimento é peça fundamental para nos tratarmos com mais gentileza e sermos mais leves conosco (e com quem compartilhamos a vida).

Até logo, 

Celha.