Sobre o verdadeiro coração partido

Cresci lendo poemas e assistindo filmes sobre corações partidos, até achava que meu coração já tivesse sido partido antes, mas nada comparado com o que venho sentindo na última semana. Agora sei que a sensação não é uma figura de linguagem. Você, de fato, sente seu coração doer e se apertar por causa de outra pessoa e que sentimento mais angustiante.

Uns vão dizer que é ansiedade, mas já tive crises vezes demais para saber que a sensação do coração partido está sendo diferente. Sei exatamente o que está fazendo doer tanto no peito.

O meu vem doendo por pura imprudência minha de não ter me afastado antes. Seria mais fácil, não teria sob minha responsabilidade o dever de aconselhar para o bem e para o certo. O meu jeito de amar é querê-lo feliz com quem ama e esse alguém que ele ama não sou eu. E é isso que dói. Ainda que eu saiba que amar alguém é desejar a felicidade mesmo que não seja ao seu lado.

Não que eu tivesse esperança, nunca houve possibilidade, mas o coração sente o que não deveria. As incontáveis vezes que ressignifiquei o amor romântico para amizade parecem não ter sido o bastante. Eu não contava que fosse ter que lidar com ele sozinho e sofrendo para voltar com ela. 

A minha sorte é que meus princípios e meu cérebro sempre ganharão a batalha. Desde que assisti As vantagens de ser invisível não esqueço que nós aceitamos o amor que achamos que merecemos e me recuso a ser alguém que substituirá outra pessoa na vida de quem amo.

A decisão de apoiar para que dê tudo certo com a pessoa que ele ama é pensando na felicidade dele, mas também a minha. Por mais que doa, o coração logo se recupera porque a Marcelha do futuro é a minha prioridade.

Reconhecer que estou sendo fiel a quem sou e que não me aproveito da situação para ter aquilo que meu coração gostaria é o que me faz ter certeza de que me escolho em primeiro lugar. E me escolher significa me renunciar neste momento.

Vai passar.