Um texto sobre "amores à primeira vista"
(Foto: Marcelha Pereira) |
Nunca acreditei em
amor à primeira vista. No máximo, uma atração à primeira vista. Nunca confiei
em alguém que diz ter se apaixonado pela(o) namorada(o) na primeira vez que a(o)
viu. No máximo o que pode ter acontecido foi ter se encantado por aquele
sorriso que ela(ele) deu quando foi o(a) cumprimentar.
Sempre me encanto
pelas pessoas que encontro no meu dia-a-dia e na maioria das vezes nem sei os
seus nomes. Encanto-me por um menino que tem o cabelo bonito, que tem o olhar
chamativo e brilhante. Aquele que tem um sorriso de lado encantador e extremamente
angelical. O que tem os dentes mais brancos que jamais vi na minha vida. Que está
oferecendo o lugar do ônibus à senhora. Me encanto pelo moço do dread, do braço coberto de tatuagem. Daquele que me lembra do vocalista da minha banda preferida. E olha só: escrevendo,
lembrei-me de um menino com blusa do Star Wars que encontrei na rua e caramba, que
moço dos olhos bonitos e ainda gosta de Star Wars! Não se engane, não só me
encanto por homens, me encanto por mulheres também. Encanto-me por aquela
senhora que mesmo com seus sessenta anos, anda graciosamente como se tivesse
seus quinze. Pela mulher que tem os cachos muito bonitos. Pela menina que está
sentada ao lado do amigo e deu o sorriso que somente pessoas que
gostam uma das outras dão.
Sou fascinada em observar os detalhes das pessoas. Todas
tem algo especial e que me chama atenção. Se fosse por essa denominação de “amor
à primeira vista”, já teria me apaixonado por mais de 20 pessoas só hoje;
incluindo homens e mulheres.
Ninguém se apaixona
em um piscar de olhos. A paixão vem com aquela conversa cabeça, com
aquele assunto que faz o casal discutir, com os sorrisos e os olhares cúmplices e
não apenas pelo físico da pessoa; que é o que você observa quando analisa
alguém pela primeira vez. Já o amor
vem depois da paixão, é quando você já viu a pessoa sem maquiagem, com remela
no olho, já sabe que ele ronca e mesmo assim não deixa de achá-la fofa e a
pessoa com quem você quer passar o resto da vida. O amor vem com os meses, anos. Ninguém ama alguém em apenas um mês, muito menos em um dia, em um olhar.
Você não conhece alguém pelo que ela veste. O menino do corpo coberto de tatuagem que você acha “coisa de malandro” pode ser o cara com o melhor coração do mundo como pode ser uma pessoa horrível e somente você o conhecendo saberá o que realmente ele é. Se usar o termo “paixão à primeira vista” já é um tanto quanto errado, imagina usar “amor à primeira vista”? É o extremo.
Achamos que
falar que nos apaixonamos à primeira vista vai deixar o outro mais confortável,
mais apaixonado, até mais confiante. Contudo, o “me
apaixonei depois que descobri que você tropeça no próprio pé e que acorda com o
cabelo todo bagunçado” é diferente do “me apaixonei no instante que depositei meu olhar sobre você”. A segunda frase transmite a impressão que a pessoa não se apaixonou pelo seu eu verdadeiro e sim apenas pelo que ela viu naquela noite, tarde ou manhã.
Não sei como tem
gente que se sente lisonjeado após escutar algo parecido com essa frase. Dá-me calafrios
só de imaginar alguém falando que se apaixonou à primeira vista para outra pessoa. Bom não é se apaixonar ao
primeiro olhar e sim ao septuagésimo quinto olhar, sorriso, conversa.
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