Para Mulan

(Foto: Divulgação/Disney)

Oi, Mulan. 

Parte de mim se sente ridícula em falar com uma personagem fictícia, mas acontece que hoje eu assisti ao seu filme live-action, lançado 22 anos após a sua primeira animação. Sou uma pessoa que faz relações improváveis com tudo e eu me senti próxima a você por esse fato, completei 22 anos no início dessa semana e eu sequer me recordo quantas vezes devo ter assistido aos seus filmes quando era pequena, então me sinto mais ou menos como uma amiga próxima.

Sabe, Mulan, você, a Jasmine e a Branca de Neve eram as princesas favoritas de uma Marcelha que adorava se enrolar em lençóis e fingir que eram as roupas que vocês usavam. Eu passava tardes e tardes rodando pela casa brincando de faz de conta e a sua história fazia parte da minha imaginação. Devia ser legal ter um dragão como conselheiro e melhor amigo.

Pois bem, Mulan, há algo que nos aproxima e algo que nos distancia. O que nos aproxima é o amor pela família, onde nosso coração mora e por quem nos sustentamos. O que nos aproxima são os nossos pais também. Meu pai é a pessoa que sempre defendeu a minha inteligência e quem mais me incentiva, assim como o seu.

Quando eu acho que não consigo algo, ele diz que consigo. Do jeito dele, é quem me olha e me admira. E isso nos faz mais fortes, não é? 

Mas você, Mulan, além de inteligente e forte, é corajosa e isso é o que nos distancia, mas que me inspira. Não sou como você, não tenho sua coragem. Sinto que tenho medos e inseguranças que me travam, ainda que eu venha me desafiando nos últimos tempos. Seu pai diz que não existe coragem sem medo e é verdade, mas até que ponto será que deixo meu medo me comandar? Talvez eu deva pensar mais sobre essa questão.

Me pergunto se você sentiu medo quando estava desafiando todos, Mulan, quando mostrou quem você era. Você sentiu um frio na barriga e seu coração pulsar mais forte enquanto estava correndo atrás do que queria?

Mulan, preciso te dizer que irei me formar como jornalista daqui uns meses e não tenho certeza de como tudo será. Acho que assim como você sentia que seu caminho era lutar, sei que meu caminho é escrever, mas não sei o que me aguarda; você sabia o que te aguardava?

Será que nunca saberemos? A graça deve ser essa. 

Sinto que você apenas seguia seu coração e é o que também costumo fazer. Eu também não faço muitos planos, Mulan. É melhor quando somos pegas de surpresa, você concorda? Ser corajosa tem a ver com isso?

Não lembro se a Marcelha de 8 anos pensava em querer ser tão corajosa como você, mas é bom que agora eu pense sobre isso, não é? Então, obrigada, Mulan, pelas tardes infantis em que eu fingia lutar contra pessoas maldosas e por agora me inspirar a ter sua coragem.

Com amor,

uma amiga.

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