Crescendo

Eu gosto da palavra crescer. Desde criança tive vontade de ter mais do que cinquenta anos. Sempre me senti como uma senhora de idade que adora tomar chá e observar as pessoas. Ao mesmo tempo, me sinto como uma criança de cinco anos que adora rir e conversar com estranhos. Adoro essa dualidade porque crescer cobra que você seja uma senhora de idade que observa tudo, mas que enxerga o mundo com a inocência de uma criança de cinco anos.

A gente cresce, sabe que está crescendo, mas são raras as ocasiões que realmente temos a certeza do nosso crescimento. Hoje, por exemplo, percebi que ando evitando certas discussões que antes eu adorava participar. Existe, em mim, uma consciência maior em torno das pessoas do que eu tinha há um ano. Enxergo que alguns casos não valem o estresse. Não vale tentar um debate com quem só sabe atacar e mostrar que seu ponto de vista está certo. É desgastante. Percebo, agora, que minhas opiniões e convicções sobre algum assunto - como política - devem ser debatidos e discutidos com quem quer entender e trocar conhecimento comigo, mesmo que a opinião da pessoa seja diferente da minha. Quando o outro não está disposto a realizar a troca, não adianta iniciar uma conversa.

Outro acontecimento, dessa vez engraçado, me fez ter certeza de que estou crescendo. Os integrantes das bandas que eu gosto estão envelhecendo. E só vim me tocar quando escutei hoje a música que o Simple Plan lançou há um mês, Perfectly Perfect, e assim que as carinhas do Pierre, David, Jeff, Sebastien e Chuck apareceram eu pensei: “minha deusa!”. Lógico que eu já havia observado no lançamento anterior que eles estavam mais velhos, mas a coincidência do “perfect” no nome da música me fez lembrar a aparência deles no vídeo da música que mais me fez chorar, Perfect, de 2009.

Logo que a lembrança surgiu, fui assistir, acho que pela 999 vez, ao vídeo que marcou parte do período entre a minha infância e o começo da adolescência. Ao fim, notei que assim como eles cresceram, eu cresci também. Deixei de escutar a música deles 24 horas por dia e passei a gostar de outras bandas. As músicas de antes não possuem o exato mesmo efeito, agora me trazem sentimento diferente, o saudosismo.

Essas mudanças, por menores que pareçam, revelam um mar de amadurecimento. Movem um mundo de novas possibilidades a serem vivenciadas. A vida é a coisa mais fantástica que existe. 

Diário,
crescer está sendo bom.

PS: E que a única coisa que não mude seja meu amor pela Queen.

PS²: Quando terminei o texto e estava procurando a imagem para ilustrar, recebi a notícia de que a Carrie Fisher morreu. Faz parte das etapas da vida, não é? Que o céu a receba com festa.  Que a Força esteja com você, minha querida Carrie e eterna princesa Leia.

Nada melhor do que ilustrar o texto em sua homenagem, então.

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