Não se pode prender um espírito livre

(Foto: Marcelha Pereira)

Hoje vou contar a história de um grupinho de pássaros os quais costumam ficar em uma rua situada no lado oeste da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. 

Faz algum tempo que um senhor de barba grande coloca sementes de girassol e outras de alpiste em cima do muro de sua casa. Logo no início, os pássaros daquela rua tinham medo de alimentar-se ali. Até que um pássaro corajoso pousou ali timidamente e, com o bico, pegou uma única semente. Alçou voo para o galho da árvore mais próxima e observou o local. Nada suspeito. Voltou e permitiu-se demorar mais um pouco na coleta de sementes.

Isso permitiu que mais passarinhos tivessem coragem de buscar o alimento na parte de cima daquele murinho - que possuía quinze centímetros de largura, aproximadamente. Alguns eram mais tímidos que outros, mais agressivos, que batiam as asas para espantar os companheiros. Foi aí que o senhor de barba grande, percebendo o começo das brigas, passou a colocar mais sementes. E todo dia colocava uma pequena escada perto do muro para conferir se era necessário repor mais alimento para os animaizinhos.

O senhor, sua esposa e sua filha gostavam de ficar vendo os pássaros comendo e depois alçando voo. Era perceptível que havia uma lógica interna entre eles, apesar de algumas brigas notáveis, as quais faziam o trio rir. Os pássaros, por sua vez, como agradecimento ao alimento, todo dia cantavam nas árvores próximas a casa. Algumas horas-chaves do dia, principalmente. Era só prestar um pouquinho de atenção que era possível escutar, ainda mais porque a porta da casa vivia sempre aberta; já que havia um portão preto e o muro protegendo a residência. 

E foi observando essa relação entre os pássaros e seu pai, que a filha decidiu escrever essa história. O pai não prende os pássaros como faz muita gente, ele pode facilmente prender as aves enquanto elas estiverem comendo, mas não o fez uma única vez. Pelo contrário, gosta é de vê-las livres, voando e voltando se quiserem. 

Acho que o Reino dos Pássaros é o meu preferido. 

Não se pode prender um espírito livre.

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