Para que viver, ou ter a audácia de morrer?

(Foto: Divulgação/Internet)

"Para que viver, ou ter a audácia de morrer? Se nada adianta, ou nada mudará no universo?" 

Essa foi uma frase dita por Daniel, um amigo meu, que me fez perceber que não sou a única que pergunto sobre essa mesma questão. Ao longo da minha vida me perguntei se seria o bastante viver se nada do que eu fizesse iria mudar a ordem dos planetas e se sim ou se não, por que ter o atrevimento de morrer sem tentar?

As pessoas em si são pequenas e muitas vezes não enxergam além do que vê. Somos egoístas por natureza. Não vou dizer que sou um ser humano totalmente altruísta, porém, sempre estou tentando fazer algo para ajudar. Cada pequena ação que faço pode levar alguém a fazer o mesmo por outra pessoa. Tenho consciência que só as minhas ações não irão ajudar tanta gente, entretanto, se cada um fizesse sua parte conseguiríamos colocar mais sorrisos nesse mundo. 

Não estou falando apenas em ajudar pessoas com poucas condições e sim ajudar qualquer um independente da classe social e idade. Passei recentemente por uma situação que fiquei impressionada: eu estava esperando os carros pararem de passar para atravessar a rua quando uma moça parou o carro e me mandou atravessar. Agora você me pergunta "sim, e daí?". "E daí" que fiquei impressionada com algo que poucas pessoas fazem. Estou tão acostumada com carros que só faltam me carregar junto que quando alguém fez o correto me espantei. Certa vez eu estava em uma sala e o orientador me entregou a prova. Como sempre, agradeci, o cara parou e logo depois disse "de nada" com um sorriso, você acredita? A princípio achei a atitude dele estranha, mas depois entendi. 

Essa aceitação à falta de gentileza faz as pessoas reagirem dessa forma, o que se esperar de um mundo onde não estão respeitando uns aos outros? Não ligo quando faço algo para alguém e não me agradecem, mas quando o fazem, fico com a sensação de dever cumprido. Podem falar que estou sendo idiota por esperar que as pessoas sejam mais solidárias, vou continuar fazendo minha parte mesmo que outros não façam. Irá chegar a hora que alguém vai olhar e perceber que precisa ser solidário, que isso faz bem para a alma. Um abraço ou um sorriso pode mudar o dia de alguém e eu falo sério. Certo dia abracei uma pessoa e ela me disse "obrigada, estava precisando de um abraço"; você tem ideia de como eu fiquei feliz por ouvir isso? Percebi que o que eu faço não é em vão. 

Ainda tenho esperança na humanidade. É claro que tenho que ser realista e sei que EU, sozinha, não vou conseguir mudar nada. E se pensarmos em conjunto? Será que vamos conseguir ou irá ser como dar um tiro no escuro? Talvez o que falte são pessoas que pensem de uma forma diferente do que a maioria pensa, que pensem em ajudar outras sem esperar retorno. 

Acho que é válido tentar viver. Apesar dos pesares a vida é feita de tentativas mesmo que falhas. Do mesmo modo que não vale dormir sem ter vontade de sonhar, não vale viver sem ter sonhos. É preciso saber viver e morrer com a sensação que fez sua parte.